Título: CAVALEIRO DO HORIZONTE
Autor: xxx
Ano:1980
O CAVALEIRO DO HORIZONTE

Carl Evans era um vagabundo, um homem sem raízes. Ele caminhava sem rumo à volta da grande bacia, de rancho para rancho, parando apenas por um bocado de comida ou um lugar onde pudesse passar a noite, nunca permanecendo o tempo suficiente para arranjar um emprego. Mas ele estava sempre desejoso de pagar a simpatia e hospitalidade com alguma madeira cortada para a cozinha ou então ajudando na comida. E se isto, não era o suficiente, Carl Evans com a sua guitarra apagaria o débito. Canções de estradas, baladas mineiras, Carl conhecia-as e cantava-as todas. E muitas vezes a sua presença aqueceu as fogueiras solarias dos campos.
Mas para Larrabee, o dono de L-Bar, o nome de Carl Evans era veneno.
«Aquele vagabundo inútil, de novo», gritaria Larrabee», apenas vagabundeando de um lugar para outro mas sempre na hora das refeições».
Larrabee era um homem que trabalhava arduamente e dirigia eficientemente o rancho. E a coisa que o irritava, era ver um homem comer aquilo que não merecia, pois que a não ganhara, e mais do que uma vez esteve a ponto de mandar Carl Evans embora da terra. Apenas os protestos de Dobie, o patrão de Larrabee o impediam.
Larrabee engolia a sua ira, mas desprezava o homem. Então um dia, o tempo e as circunstâncias fizeram com que Larrabee mudasse de ideias.
Aconteceu durante a época de reunir gado cavalgando à volta dele. Muitos dos trabalhadores do rancho L-Bar encontravam-se longe buscando entre as sebes e ravinas gado tresmalhado. O próprio Larrabee tomava conta da manada principal com a ajuda do seu patrão e de uma outra pessoa. Então foi o que aconteceu.
Um novilho poderoso de chifres compridos, marrou no cavalo de Dobie, o qual saltou da sua sela e Larrabee foi forçado a enviar o outro ajudante ir pedir auxílio ao médico. À medida que o cavaleiro se desvanecia na escuridão, Larrabee verificou a sua situação.
A viagem até à cidade e o regresso demoraria pelo menos um dia inteiro, e entretanto Larrabee ficava com quinhentos novilhos inquietos.
Ao preparar-se para subir para o cavalo o capataz do rancho L-Bar apercebeu-se de uma acalmia no ar. À distância viam-se relâmpagos no céu e Larrabee resmungou. Era só o que faltava agora, uma tempestade.
E então de súbito, um cavalo e um cavaleiro apareceram na linha de fogo:
— Bom-dia, mr. Larrabee — disse uma voz calma e amigável.
— Oh, és tu Evans!
O cavaleiro do horizonte retorquiu:
— Oh, é o que eu chamo de umas boas-vindas realmente amistosas, companheiro.
Larrabee perdeu a calma e irou-se.
— Olha Evans, se vens pedir ajuda...
Por detrás dele, Larrabee estava totalmente desperto para a tempestade que se aproximava. Na escuridão ele podia ouvir o mungir do gado , o barulho dos cornos que se mexiam nervosamente. Rapidamente ele dirigiu o seu cavalo para a escuridão.
Através dos relâmpagos, Larrabee via as cabeças do gado mexendo-se. O gado estava pronto para começar a correr de um momento para o outro. E então repentinamente, de perto veio o som de uma guitarra e uma voz calma cantando.
O louco cavaleiro vagabundo! Se Evans fosse pelo menos um pouco homem estaria a ajudar a acalmar o gado em vez de estar a tocar guitarra. Furioso, Larrabee esporeou o cavalo em direcção à música, mas à medida que se aproximava do gado, Larrabee notou a mudança que se verificava na manada. Eles ainda mugiam, ainda agitavam os cornos, mas de qualquer forma pareciam menos agitados.
Uma vez mais, os relâmpagos surgiram. Com a sua luz, Larrabee podia ver Evans patrulhando o fim da manada. Através de um mar ondulante de cornos ouvia a melodia triste de um lamento de vaqueiro.
Vários minutos passaram. O vento começou a mudar. Em breve a tempestade dirigia-se para Sul, movendo as sebes. Uma calmia pareceu descer sobre os novilhos.
O que Evans fizera com a sua guitarra estava longe de qualquer compreensão. Larrabee sacudiu a cabeça em sinal de descrença.
— Isto é o máximo — disse ele espantado mas admirado. — Desde agora em diante o cavaleiro do horizonte será bem-vindo ao rancho L-Bar, em qualquer altura que seja.
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